31 de agosto de 2007

limbo

José Rodrigues dos Santos, A Filha do Capitão. Lisboa: Gradiva, 2004.

Não fora a não reprimida tentação do autor de nos mostrar o quão profunda tinha sido a sua investigação histórica, num registo que demasiadas vezes se aproxima do folclórico, e deste livro eu lembraria apenas o que, com prazer, aprendi sobre o início do século e a forma difícil mas bem conseguida como a personagem principal é construída, evitando os lugares-comuns e tipificados do herói e do anti-herói.

distinção


Se há uma mensagem metapolítica em meus romances, é sempre uma mensagem, de uma maneira ou de outra, de um compromisso, compromisso doloroso, e da necessidade de escolher a vida em lugar da morte, a imperfeição da vida em lugar das perfeições da morte gloriosa. Este é meu compromisso, um dos meus vários compromissos.
Tanto é assim que sempre tenho duas canetas em minha mesa, duas canetas esferográficas muito simples, muito baratas, as quais tenho que repor a cada duas semanas, mas tenho sempre duas delas, uma preta e outra azul. Apenas para lembrar-me que quando escrevo um ensaio político é uma coisa, e quando escrevo uma história é outra. E não misturo.


Amós Oz, "O Antídoto da Imaginação", in Contra o Fanatismo (tradução de Denise Cabral de Oliveira). Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

29 de agosto de 2007

preguiça



agradecimento

Machado de Assis, O Alienista, Coimbra: Alma Azul.

Como se já não bastasse a estante atulhada de livros nunca lidos que me observa com desdém na sala lá de casa, há quem insista em emprestar-me obras desconhecidas, decerto só para me apoucar.

Acho que preciso de um retiro.
Na Casa Verde, de preferência.

28 de agosto de 2007

lagos

Mais do que deprimente, a paisagem que avistava da varanda do hotel com nome ridículo e lençóis vincados em que fiquei - blocos de apartamentos mal encaixados uns nos outros, traseiras de vivendas infestadas de anexos, palmeiras atarracadas no passeio da avenida, uma rotunda trabalhada em granito e areão e o tapete de asfalto onde chiavam os carros dos jovens veraneantes - pareceu-me sobretudo conter algo de hipócrita.
Eram três da manhã quando descobri que era o branco das fachadas.

21 de agosto de 2007

sonho


Constato fascinado que no trapézio, ao contrário do que acontece na vida real, não há lugar nenhum para o individualismo.
Até 26 de Agosto, no ccb.

17 de agosto de 2007

athena


Lá li um Roth, como convém.

Um pouco palavroso para o meu gosto, mas inesperadamente oportuno, numa altura em que os comentários anónimos nos blogues superam, em eficácia, mesquinhez, cobardia e falta de carácter, os e-mails enviados de contas-fantasma.
Além disso, no que toca a intrigas de bastidor, a oportunismo carreirista, a falsos moralismos e à mais pura coscuvilhice, a universidade que inexplicavelmente continuo a chamar de minha vai, ainda que um pouco atrasada, no caminho certo.