O filme tem dedicatória e não serei eu a menorizá-la. Apenas me parece que ele merece mais do que ficar na história como o filme do António Feio ou que, pior, haja quem evite vê-lo porque os trailers não são particularmente felizes.
Metáfora atrás de metáfora (numa altura em que quem gosta de as usar se arrisca mesmo a levar no focinho), contraluz é antes de mais uma história muito bem contada e isso é meio caminho andado para que nos fique na memória.
Uma história que fala da vida e da morte e do que fazemos com o tempo que temos corre sempre o risco de se transformar numa espécie de catequismo ou manual de bom comportamento. Por isso e por causa dos tais trailers, carregados de céus e de luzes brancas, não evitei o preconceito nem o sobressalto inicial com o (in)oportuno reacender do GPS. Resisti, fiquei na sala e deixei-me surpreender.
É claro que o filme interpela os espectadores a propósito de uma série de coisas e é natural e até provável que no final nos interroguemos: que tipo de relação estabelecemos com os outros (os próximos e os distantes); que importância damos aos sinais que, consciente ou inconscientemente, estes nos dão sobre o estado em que estão; o que estamos dispostos a fazer para os ajudar; que prioridades assumimos na gestão das nossas relações; que grau de auto-conhecimento conseguimos alcançar; que nível de franqueza nos permitimos ter connosco próprios; o que esperamos e o que obtemos da tecnologia e das dezenas de gadgets que, sem darmos por isso, mobilizamos num só dia; que espaço deixamos para a imaginação, para a arte, para o imprevisto, para os sentimentos? Porque temos tantas vezes a sensação de que gostaríamos de voltar atrás? O que faríamos, se o conseguíssemos?
Criando oportunidade para levantar estas e outras questões, o filme evita, contudo, as respostas que poderiam conduzir-nos a um final feliz. E consegue, acredito, tornar-se apetecível tanto para uma pessoa como eu – fervoroso devoto do acaso que se diverte com coincidências – quanto para aqueles que acreditam que tudo está escrito, “lá em cima” ou noutro lado qualquer.
A “mensagem” que o filme apesar de tudo assume ter vem resumida numa frase aberta, que serve a todos: “A vida é curta mas é ampla”.
E agora amanhem-se.
Metáfora atrás de metáfora (numa altura em que quem gosta de as usar se arrisca mesmo a levar no focinho), contraluz é antes de mais uma história muito bem contada e isso é meio caminho andado para que nos fique na memória.
Uma história que fala da vida e da morte e do que fazemos com o tempo que temos corre sempre o risco de se transformar numa espécie de catequismo ou manual de bom comportamento. Por isso e por causa dos tais trailers, carregados de céus e de luzes brancas, não evitei o preconceito nem o sobressalto inicial com o (in)oportuno reacender do GPS. Resisti, fiquei na sala e deixei-me surpreender.
É claro que o filme interpela os espectadores a propósito de uma série de coisas e é natural e até provável que no final nos interroguemos: que tipo de relação estabelecemos com os outros (os próximos e os distantes); que importância damos aos sinais que, consciente ou inconscientemente, estes nos dão sobre o estado em que estão; o que estamos dispostos a fazer para os ajudar; que prioridades assumimos na gestão das nossas relações; que grau de auto-conhecimento conseguimos alcançar; que nível de franqueza nos permitimos ter connosco próprios; o que esperamos e o que obtemos da tecnologia e das dezenas de gadgets que, sem darmos por isso, mobilizamos num só dia; que espaço deixamos para a imaginação, para a arte, para o imprevisto, para os sentimentos? Porque temos tantas vezes a sensação de que gostaríamos de voltar atrás? O que faríamos, se o conseguíssemos?
Criando oportunidade para levantar estas e outras questões, o filme evita, contudo, as respostas que poderiam conduzir-nos a um final feliz. E consegue, acredito, tornar-se apetecível tanto para uma pessoa como eu – fervoroso devoto do acaso que se diverte com coincidências – quanto para aqueles que acreditam que tudo está escrito, “lá em cima” ou noutro lado qualquer.
A “mensagem” que o filme apesar de tudo assume ter vem resumida numa frase aberta, que serve a todos: “A vida é curta mas é ampla”.
E agora amanhem-se.
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