31 de maio de 2007
30 de maio de 2007
altura
da guerra como se de um pic-nic de verão, a ganhar bolor debaixo do sofá da sala, a partilhar albuns desbotados com o casamento da prima
- já viste estes penteados?
e as mamas da preta, o sorriso do capitão, o altar da igreja, os sapatos do padrinho, os tijolos dos turras, as bocas de sino, a coluna na picada, o carro da noiva, a mina desmontada e os acepipes na mesa.
A guerra a preto e branco, a esboroar-se nos cantos e qualquer dia quase nada, ninguém se lembra, afinal não houve não foi nada já passou
- usava-se assim, na altura.
- já viste estes penteados?
e as mamas da preta, o sorriso do capitão, o altar da igreja, os sapatos do padrinho, os tijolos dos turras, as bocas de sino, a coluna na picada, o carro da noiva, a mina desmontada e os acepipes na mesa.
A guerra a preto e branco, a esboroar-se nos cantos e qualquer dia quase nada, ninguém se lembra, afinal não houve não foi nada já passou
- usava-se assim, na altura.
29 de maio de 2007
xxi
Viver assim, no prazer das despedidas e dos reencontros, partidas e chegadas com balcões pré-destinados pelas autoridades competentes e amplas salas de espera com colunas para nos encostarmos e abraçar quem fica, como o casal ali ao canto, tão novos e enamorados, a imaginar as saudades que vão sentir já daqui a bocado e entretanto a dar as mãos, a dar os braços, a dar os lábios e a dizer adeus com os olhos brilhantes.
Eu a lembrar-me do tempo em que nos abraçávamos assim e nos sentíamos a falta quando um de nós não estava, a lembrar-me como era quando achávamos que nos amávamos, quando fazíamos promessas de lugares-comuns com a consciência de que tínhamos consciência do ridículo e brincávamos com isso. Sem saber o que entretanto nos aconteceu, sem nenhum facto ou discussão que o justificasse, nem sequer a certeza de que tenha contecido alguma coisa ou se apenas o desgaste a rotina a distância a cómoda distância que interrompemos aos domingos e que às vezes nos custa
- Posso ajudar?
Eu a admirar a generosidade da empregada de balcão que me fala e sorri com um sotaque brasileiro mas a dizer que não, muito obrigado, dela só quero mesmo
- Um café e um bolo de arroz.
Eu a lembrar-me do tempo em que nos abraçávamos assim e nos sentíamos a falta quando um de nós não estava, a lembrar-me como era quando achávamos que nos amávamos, quando fazíamos promessas de lugares-comuns com a consciência de que tínhamos consciência do ridículo e brincávamos com isso. Sem saber o que entretanto nos aconteceu, sem nenhum facto ou discussão que o justificasse, nem sequer a certeza de que tenha contecido alguma coisa ou se apenas o desgaste a rotina a distância a cómoda distância que interrompemos aos domingos e que às vezes nos custa
- Posso ajudar?
Eu a admirar a generosidade da empregada de balcão que me fala e sorri com um sotaque brasileiro mas a dizer que não, muito obrigado, dela só quero mesmo
- Um café e um bolo de arroz.
28 de maio de 2007
xx
- E boa viagem.
Eu quase a responder igualmente mas depois só obrigado porque afinal eu é que vou, apanho um avião e vou.
Olho de novo o menú e o meu prato começa a ser servido, o almoço está na mesa, podem vir, fazer o check-in, essa palavra estranha talvez ainda à espera que alguém a aportuguese, xequine ou chequine ou deixá-la ficar como está para que nos possamos entender nesta coisa a que chamam – hipócritas – aldeia global, carreiras regulares de Faro a Banguecoque, de avião do México até à Tailândia, ir para Paris sem ser com o contrabando, sem romances escondidos no palheiro, sem atravessar o minho ou o guadiana a nado a meio da noite, sem atravessar a Espanha à boleia com as ovelhas, ir para Paris neste intervalo de espaço, sair momentaneamente do mundo lá fora e abrigarmo-nos aqui nos metais, nos mármores e nos neons e apanhar a escada rolante
Eu quase a responder igualmente mas depois só obrigado porque afinal eu é que vou, apanho um avião e vou.
Olho de novo o menú e o meu prato começa a ser servido, o almoço está na mesa, podem vir, fazer o check-in, essa palavra estranha talvez ainda à espera que alguém a aportuguese, xequine ou chequine ou deixá-la ficar como está para que nos possamos entender nesta coisa a que chamam – hipócritas – aldeia global, carreiras regulares de Faro a Banguecoque, de avião do México até à Tailândia, ir para Paris sem ser com o contrabando, sem romances escondidos no palheiro, sem atravessar o minho ou o guadiana a nado a meio da noite, sem atravessar a Espanha à boleia com as ovelhas, ir para Paris neste intervalo de espaço, sair momentaneamente do mundo lá fora e abrigarmo-nos aqui nos metais, nos mármores e nos neons e apanhar a escada rolante
LEVEL TWO
o avião
LEVEL THREE
e novos metais , novos mármores, os mesmos avisos em língua estrangeira mas como se estivéssemos em casa, uma vida de reserva, recarregar baterias
FULL ENERGY
e ainda longe do
GAME OVER.
Podíamos viver sempre assim, nestes momentos de plástico e pladur, sempre como se em viagem.
21 de maio de 2007
20 de maio de 2007
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