29 de setembro de 2006

libertado



Prometeu, ao que consta, soltou soluços lamentosos pela ave, sua única companhia em três mil anos e único provento em duas vezes três mil. Hei-de eu comer as tuas setas?, gritou, esquecendo-se que conhecera outro alimento. Saberás tu voar, campónio, com esses teus pés de esterco? E vieram-lhe vómitos causados pelo fedor a estábulo que perseguia Héracles, desde que este limpara os estábulos de Augias, porque o fedor do estrume chegava ao céu. Come a águia, disse Héracles. Mas Prometeu não percebeu o que ele queria dizer.

Müller, Heiner, "A Libertação de Prometeu" (tradução de José Ribeiro da Fonte), in Prometeu 06. Coimbra: A Escola da Noite, 2006.

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