- Pois.
E entretanto a avenida, já outra, os túneis a acelerar por cima de nós, um intervalo, cada um para o seu canto, a toalha ao pescoço, meninas de fato-de-banho a dançar no ringue uma música altíssima, uma placa nas mãos
ROUND 2
só que hoje sem árbitro, os dois sozinhos num carro de praça e lá fora a cidade, alheada de nós, um soco ao de leve para mostrar quem manda
- Agora também há os do Leste
depois uma direita, ainda de mansinho
- E os brasileiros
e o golpe nos rins, este já a doer
- Só putas e chulos, é o que é.
Uma vergonha, quase vou ao tapete, não te ficas sem resposta mas só me sai
- Também há gente boa.
Surpreendentemente o taxista encolhe-se um pouco, não me esperava sequer vivo, e eu aproveito, acerto-lhe no queixo
- Antigamente éramos nós, lá fomos para a França, para a Suíça, para o Luxemburgo
pareço um martelo, fraco mas insistente
- a Alemanha, a Inglaterra. E até para o Brasil, para a Venezuela.
Ele já recomposto, a acertar-me num olho
- Não, mas isso era diferente
a levar-me para as cordas
- Nós íamos e trabalhávamos
uma direita
- fazíamos o que eles não queriam fazer
outra direia
- não andávamos lá a arranjar problemas
depois uma esquerda
- comíamos o pão que o diabo amassou.
Eu a agarrar-me às cordas, ensaguentado, a tentar levantar-me e a vê-lo de braço puxado atrás, a preparar-se para um golpe baixo
(hoje sem árbitro, a cidade alheada de nós)
a tirar-me as medidas
- Quer saber
Felizmente o telemóvel, o dele, a servir de gong, a salvar-me da morte, ele no seu canto, a limpar o suor com a toalha e a atender
- Estou.
E entretanto a avenida, já outra, os túneis a acelerar por cima de nós, um intervalo, cada um para o seu canto, a toalha ao pescoço, meninas de fato-de-banho a dançar no ringue uma música altíssima, uma placa nas mãos
ROUND 2
- Agora também há os do Leste
depois uma direita, ainda de mansinho
- E os brasileiros
e o golpe nos rins, este já a doer
- Só putas e chulos, é o que é.
Uma vergonha, quase vou ao tapete, não te ficas sem resposta mas só me sai
- Também há gente boa.
Surpreendentemente o taxista encolhe-se um pouco, não me esperava sequer vivo, e eu aproveito, acerto-lhe no queixo
- Antigamente éramos nós, lá fomos para a França, para a Suíça, para o Luxemburgo
pareço um martelo, fraco mas insistente
- a Alemanha, a Inglaterra. E até para o Brasil, para a Venezuela.
Ele já recomposto, a acertar-me num olho
- Não, mas isso era diferente
a levar-me para as cordas
- Nós íamos e trabalhávamos
uma direita
- fazíamos o que eles não queriam fazer
outra direia
- não andávamos lá a arranjar problemas
depois uma esquerda
- comíamos o pão que o diabo amassou.
Eu a agarrar-me às cordas, ensaguentado, a tentar levantar-me e a vê-lo de braço puxado atrás, a preparar-se para um golpe baixo
(hoje sem árbitro, a cidade alheada de nós)
a tirar-me as medidas
- Quer saber
Felizmente o telemóvel, o dele, a servir de gong, a salvar-me da morte, ele no seu canto, a limpar o suor com a toalha e a atender
- Estou.
1 comentário:
Simplesmente excelente...
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