25 de outubro de 2006

b)

- Sei, e pronto.

Eu ainda a duvidar, mas tu sem o sorriso com que te davas por vencida das outras vezes.

- Tens razão, se calhar sou mesmo hipocondríaca.
- Áh, mas não tenhas dúvidas.

em que no final nos abraçávamos e eu para te tranquilizar te dizia, desde o tempo em que nos amávamos, que não ia deixar que te acontecesse nada

- Dá-me um abraço, deixa-me abraçar-te.

Desta vez sem esse sorriso, só

- Sei, e pronto.

E o olhar preso na televisão onde recomeçara a telenovela, sem uma expressão, sem dor, sem medo, sem nada, só um

- pronto

determinado, um ponto que me dizias final, mas eu ainda baralhado, eu confuso, eu, confesso, ligeiramente irritado por me teres estragado o prazer da vitória, três a zero numa jornada europeia, uma noite histórica, uma noite mágica

- Uma noite mágica!

como disse o comentador desportivo, como amanhã sairá em todos os jornais, como eu diria se tu não, com essa conversa que alguém

- Quem é que te meteu isso na cabeça?
- Ninguém. Sei e
- Pronto, não se fala mais nisso. Vou dormir até amanhã.

Lembro-me como se fosse hoje.

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