3 de outubro de 2006

xvii

Um

- Obrigado, boa tarde

já de fugida, ele a dar a curva, a pôr o cinto, a repegar o telemóvel, eu

- Abre-te Sésamo

a brincar com a porta automática e a entrar na babilónia, metais, cromados, vidros, espelhos, luzes, neons, anúncios coloridos, música de fundo, passadeiras rolantes, mármores e a pensar

- Cheguei

antes mesmo de partir, antes mesmo do bilhete, afinal tão fácil, à distância de uma corrida de taxi, atrás de uma porta que a gente

- Abre-te Sésamo

e ela a fazer-nos a vontade, a oferecer-nos o novo mundo sem necessidade de barcas, naus ou caravelas, a mostrar-nos o universo sem foguetões nem naves espaciais, a mostrar-nos o paraíso sem purgatório, nem missas nem mandamentos, tudo tão fácil.
Eu um menino na loja de brinquedos, aquele carro, aquela bola, aquele jogo, aquela máquina, e em simultâneo na loja de doces, aquele pastel, o de feijão também, os rebuçados, os chupa-chupas, os chocolates, o balde das pipocas, fixado no monitor azul onde o menu das viagens, os pratos do dia

- Frankfurt, Istambul, Sidney, Madrid, Boston, São Paulo

me pareceu tentador.
Mas eu Paris, a confirmar no papel, cheguei cedo demais, tempo para fazer como quando ao domingo

- Vamos ver as montras

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