27 de outubro de 2006

caminho

Ao princípio tive esperança. Teria preferido mil vezes que me não vissem, que não dessem por mim, que me deixassem cosido contra o acrílico, disfarçado de nada.
Mas depois, quando a histriónica rapariga do rouco riso e o excitado rapaz das rotas roupas me vieram recordar o fedor do vomitado que sempre se segue ao coktail de águas de colónia, after-shaves e espumas de cabelo, não pude resistir.
Num ápice, arrumei as tralhas, levantei-me, desembainhei o guarda-chuva e com ele abri, entre a multidão raivosamente divertida, o caminho por onde fui a pé a para casa.

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