- Áh, então foi isso.
Disse-mo duas vezes, fingindo-se pensativo, e eu afinal não saltei da cadeira, não lhe desfiz a bochecha, eu não disse nada, eu afinal nada. Apenas o desprezo a correr-me nas veias, uma batida ritmada de escárnio a entrar e a sair do coração. Imóvel e sentado, recostado na cadeira, ainda boquiaberto, a saliva a sumir-se-me sabe-se lá para onde e eu a lembrar-me dos comentadores desportivos, daqueles que na televisão elogiam os treinadores pela substituição acertada depois do golo
- Era isto que dizíamos.
ou os enxovalham sem piedade porque afinal o poste
- Uma falha imperdoável em alta competição.
a não ser que sejam dos nossos e a gente esteja de bem com eles e o azar, os deuses distraídos, a senhora de fátima demasiado ocupada, talvez tenha ido pôr uma roupinha em sabão que isto hoje já não dá para empregadas internas, uma tarde por semana e é só porque a coluna se fartou da tábua de passar a ferro, porque afinal
- O futebol é isto mesmo.
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