27 de julho de 2006

sentido

Esquecemo-nos às vezes de ti, mãe-coragem, que por duas vezes ofereceste o teu corpo à vida da tua filha. A história é ingrata para quem faz o que tem que ser feito e naturaliza a generosidade, a entrega, a dedicação. Chamam-te

- mãe

quando deviam chamar-te

- mãe heroína

Chamam-te

- mãe

simplesmente, como quem diz que fizeste o que devias, mas tu sem resignação, tu sem um queixume, tu sem que te agradeçam, tu num papel secundário por opção própria, tu só a dar.
E a sofrer de ansiedade, de angústia, de dores agora e ainda de expectativa, esperando apenas o sorriso, a tua menina

- mãe

e este mãe um poema clássico, um hino triunfal, uma epopeia dentro de portas, o que te basta, tu dentro dela, duas vezes mãe, a descobrir num órgão insuspeito o sentido da vida.