10 de agosto de 2006

ix

O que é que preferes? Sei que vou lembrar-me do D’Artagnan, não, do Dartacão, e dos cavalos a galopar na calçada molhada, a cidade adormecida, as arcadas, a fazer travagens bruscas naqueles enormes pátios, o que achariam da pirâmide onde me vou deixar fotografar por uma turista japonesa. Mais os três mosqueteiros, o gordo, o poeta e o sensato, todos te estranhando, D’Artagnan, não, Dartacão, todos te estranhando ao princípio mas rapidamente (uma rixa, um duelo, uma prova de virilidade) se submetendo ao teu carisma, amigos para sempre, fieis para sempre, sim, um por todos e todos por um, sim, como queiras, D’Artagnan, não, Dartacão.
Só a Julieta se fazia difícil, mulher decidida, se bem me recordo. Dumas criou mulheres assim, boas ou más
(confesso-te agora, sempre amei Milady, uma atracção irresistível)
mas fortes, decididas, insubmissas. Deve ser gira a França, ou pelo menos paris. Estátuas douradas brilhando ao sol, barcos achatados por baixo das pontes, ena tantas!, arquitectura socialista nos subúrbios, escolas enormes, hospitais imponentes, a rápida passagem da aristocracia, do império, para a social-democracia decadente. O que vem a seguir?
Rue de la Paix, Place de la Concorde, mas também a coluna na Place Vendôme, os canhões capturados aos vencidos alimentando o luxo dos vencedores, a Sorbonne sitiada, vi-a ontem na televisão, o centro do Mundo, um vulcão a acordar e nós a achar que é uma questão legislativa, o governo recua e fica tudo bem, tudo como dantes, tudo bem.
Les Boulevards, Les Magasins
Les Invalides

Bom, vou para lá. Adeus país, adeus Lisboa, que por agora é só você, senhor fardado a quem peço

- A conta, por favor.

Sem comentários: