- Isto vai demorar.
chegado de Algés e nem tempo para uma cerveja, logo um pintas de malas aviadas
- Para o aeroporto, se faz favor.
A apetecer-lhe mandar-me à merda, pressinto-o na impaciência com que vai dedilhando o volante, o vidro, a manette das mudanças, logo um pintas de malas aviadas a propor-lhe um serviço que nem dá para o gasóleo. O verde a cair, ganha balanço e alivia o semblante, é a vida, antes isto que um preto a espetar-me uma faca, há-de pensar, e eu consolo-me por não ser preto e pelo alívio que apesar de tudo isso lhe há-de proporcionar.
- Isto é que está um trânsito,
digo, com um
- hã?
esperançado no final da frase para quebrar o gelo, a ver-lhe os olhos irónicos emoldurados pelo crucifixo a fitar-me antes de corresponder
- É verdade, a esta hora
- Já se sabe
Os dois em coro e uma nova pausa, os dois a sabermos que agora é do tempo, falas tu ou falo eu
- E este calor
Foi ele, a duplicar a jogada, eu finjo que não noto e avanço com o cavalo
- Está demais. Uma chuvinha não calhava nada mal.
- Está bom é para quem está na praia.
Ele a arriscar, a abrir o jogo, o bispo numa diagonal temerária. Reservo o ataque para mais tarde e continuo a organizar-me, um peão cauteloso
- É, mas para quem cá está a trabalhar é dificil.
Mas ele desabrido, ao quinto semáforo e a rotunda ainda longe, a torre por ali fora
- Isto quem quer trabalhar, trabalha de qualquer maneira. Agora esses calões que para aí andam
chegado de Algés e nem tempo para uma cerveja, logo um pintas de malas aviadas
- Para o aeroporto, se faz favor.
A apetecer-lhe mandar-me à merda, pressinto-o na impaciência com que vai dedilhando o volante, o vidro, a manette das mudanças, logo um pintas de malas aviadas a propor-lhe um serviço que nem dá para o gasóleo. O verde a cair, ganha balanço e alivia o semblante, é a vida, antes isto que um preto a espetar-me uma faca, há-de pensar, e eu consolo-me por não ser preto e pelo alívio que apesar de tudo isso lhe há-de proporcionar.
- Isto é que está um trânsito,
digo, com um
- hã?
esperançado no final da frase para quebrar o gelo, a ver-lhe os olhos irónicos emoldurados pelo crucifixo a fitar-me antes de corresponder
- É verdade, a esta hora
- Já se sabe
Os dois em coro e uma nova pausa, os dois a sabermos que agora é do tempo, falas tu ou falo eu
- E este calor
Foi ele, a duplicar a jogada, eu finjo que não noto e avanço com o cavalo
- Está demais. Uma chuvinha não calhava nada mal.
- Está bom é para quem está na praia.
Ele a arriscar, a abrir o jogo, o bispo numa diagonal temerária. Reservo o ataque para mais tarde e continuo a organizar-me, um peão cauteloso
- É, mas para quem cá está a trabalhar é dificil.
Mas ele desabrido, ao quinto semáforo e a rotunda ainda longe, a torre por ali fora
- Isto quem quer trabalhar, trabalha de qualquer maneira. Agora esses calões que para aí andam
Eu a ver o caso mal-parado, ainda nem sequer saímos da avenida, melhor recuar o cavalo
- Pois é, lá isso.
- Pois é, lá isso.
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