18 de julho de 2006

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Se não terá sido essa tendência para canibalizarem o espaço um do outro, pergunta-me o sotor e só me apetece dizer-lhe que não, que antes pelo contrário, que cada um estava demasiado ocupado a canibalizar o seu próprio espaço.
Mas fico-me, calado e boquiaberto, surpreso pela prontidão com que a resposta me ocorreu. E penso que se o filho da puta me diz áh, então foi isso lhe salto para as trombas, esqueço tudo, a cadeira, o sofá, a caderneta que assim como assim já não serve para nada, esqueço tudo e vou-lhe às trombas, um salto e já está, um murro no olho, um murro nos dentes

- tão brancos e saudáveis, está a ver?

depois as mãos no pescoço, apertando-as devagarinho, olhos nos olhos, e eu a vingar o dinheiro das consultas, uma a uma, desde a primeira

- Ora muito bom dia!

em que me recebeu com um sorriso alegre, como se fôssemos ou estivéssemos para ser ou eu quisesse que fôssemos amigos.

- Então o que o traz por cá?

eu já sentado na cadeira e o sotor em pé, pronto para a tortura. Esqueço tudo, eu juro, esqueço tudo e vou-lhe às trombas.

- Áh, então foi isso.

1 comentário:

Anónimo disse...
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