Se não terá sido essa tendência para canibalizarem o espaço um do outro, pergunta-me o sotor e só me apetece dizer-lhe que não, que antes pelo contrário, que cada um estava demasiado ocupado a canibalizar o seu próprio espaço.
Mas fico-me, calado e boquiaberto, surpreso pela prontidão com que a resposta me ocorreu. E penso que se o filho da puta me diz áh, então foi isso lhe salto para as trombas, esqueço tudo, a cadeira, o sofá, a caderneta que assim como assim já não serve para nada, esqueço tudo e vou-lhe às trombas, um salto e já está, um murro no olho, um murro nos dentes
- tão brancos e saudáveis, está a ver?
depois as mãos no pescoço, apertando-as devagarinho, olhos nos olhos, e eu a vingar o dinheiro das consultas, uma a uma, desde a primeira
- Ora muito bom dia!
em que me recebeu com um sorriso alegre, como se fôssemos ou estivéssemos para ser ou eu quisesse que fôssemos amigos.
- Então o que o traz por cá?
eu já sentado na cadeira e o sotor em pé, pronto para a tortura. Esqueço tudo, eu juro, esqueço tudo e vou-lhe às trombas.
- Áh, então foi isso.
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